Medo x ansiedade
Mateus 14.26-31: “E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais. E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? (ACF)
Esta passagem é bem conhecida por todos. Pedro foi o único dos discípulos que andou sobre as águas. Na verdade, além de Jesus e Pedro, não há relatos de que algum ser humano na face da terra tenha realizado tal feito. Mas se Pedro estava andando por cima das águas, sendo sustentado pelo poder de Deus, por quê afundou? Será que a culpa estava em Jesus? De maneira nenhuma. Pedro afundou, e nós muitas vezes afundamos diante das “tempestades da vida”, porque se tem uma coisa que Jesus não pode fazer em nosso lugar é nos forçar a continuar andando por fé e não por vista. Esta é uma decisão que cabe somente a nós. (Hebreus 10.38)
Crer é uma decisão pessoal. Foi o que Jesus disse em João 3.18: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” (ACF)
Mas o que mata a nossa fé em Jesus? Existe algo tão forte capaz de fazer a nossa crença, simplesmente, virar ruína? A resposta é sim. Estas são o medo e a ansiedade. Foi justamente o que Pedro sentiu diante de uma situação que, para ele, era nova. Nosso Blog traz uma abordagem sobre o seguinte tema: Medo x Ansiedade – e como esses sentimentos são capazes de matar a nossa fé, atrapalhar o desenvolvimento da nossa caminhada cristã, e travar o nosso propósito de vida.
Para que você entenda melhor como funcionam esses dois sentimentos destrutíveis, acompanhe: “Ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho. A ansiedade é uma resposta emocional provocada por medo. Portanto, medo é a avaliação de perigo; ansiedade é o estado de sentimento desagradável evocado quando o medo é estimulado”.
É por isso que Jesus é enfático quando diz em sua palavra: “Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos (ansiosos) quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” (Mateus 6.25-26 ACF)
Então, vejamos, a ansiedade e o medo faz o cristão:
1) Não confiar em Jesus: Como podemos ver no texto, Pedro afundou porque olhou para a tempestade a sua volta. (Mateus 14.30) Os fortes ventos fizeram as bases de sua fé literalmente balançarem. Porém, não se trata apenas de quão forte e poderoso possam ser os ventos, mas como anda nossa fé determinará o nível de nossa confiança na graça.
Quando Jesus disse a Pedro: “…Homem de pequena fé, por que duvidaste?” (Mateus 14.31 ARC), Ele estava dizendo: ‘Pedro, você confia pouco em mim’. Agora veja: o sinônimo do verbo confiar significa: – Dar a alguém a responsabilidade de algo.
Preste atenção: quando um filho está num lugar alto e o pai e a mãe dizem: “Filho, pode pular que papai e mamãe te seguram!”; o filho, confiante, pula e pula rindo, com a certeza de que o pai e a mãe irão segurá-lo. É como se o filho dissesse: “Bom, eu dei para papai e mamãe a responsabilidade da minha vida, logo, eu confio neles.”
Neste caso, não foi o que Pedro fez. Ele não deu para Jesus a responsabilidade e cuidado da sua vida; ao invés disso, ele tomou para si tal responsabilidade. É como se Pedro quisesse dizer: “Jesus, olha pra mim! Estou afundando! As coisas por aqui não estão dando muito certo! Cadê o Senhor para me ajudar?”.
Pedro não confiou inteiramente que pudesse continuar andando firme sobre as águas até onde estava Jesus porque voltou o seu olhar para a tempestade; e é justamente o que muitas das vezes fazemos ao longo da caminhada cristã. Muitos de nós professamos: ‘Eu tenho fé e confio no Senhor’; mas na hora que a “tempestade bate à porta”, ao invés de descansarmos na provisão, pegamos a responsabilidade e o cuidado que pertencem a Cristo sobre nós e dizemos: “Eu preciso fazer alguma coisa! Está demorando demais! Estou há muito tempo nessa luta! Eu tenho que agir!” Ou entregamos a nossa vida a Cristo e resolvemos confiar inteiramente n'Ele, ou seremos assolados em nosso interior com a sensação de que estamos apenas vivendo nossos dias sem esperança.
Não estou aqui falando mal de Pedro, mas, apenas mostrando que tudo aquilo que o apóstolo de Jesus enfrentou, nós também passamos e enfrentamos. Figurativamente falando, é possível, sim, vencer nossas “tempestades” e andar por cima delas. Mas é preciso confiarmos nos Senhor e entregarmos ao Mestre o cuidado da nossa vida. O que Cristo diz para nós hoje é: “Você não tem que fazer nada. Você tem que esperar o meu tempo e confiar em mim!”.
2) Perder a visão espiritual: existe uma frase que diz: “A pessoa mais pobre do mundo não é aquela que não tem dinheiro, mas sim, aquela que não tem visão.” Pr Sergio Hornung
Visão fala a respeito de propósito, e propósito aponta para o futuro, para aquilo que Deus já preparou para nós. Quem perde a visão, significa que voltou os seus olhos para aquilo que é passageiro e perecível (Mateus 6.19), ao invés de atentar para o que é espiritual e eterno. (Mateus 6.20)
No livro de 2 Coríntios 4.17-18, o apóstolo Paulo diz: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” (ACF)
O poder da sua visão vai depender de quão profundo Cristo está enraizado em sua mente e coração. É o que diz a palavra em Romanos 12.2: “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (ACF)
Lembro-me de Josué e Calebe que ao voltarem da missão de espiar a terra de Canaã, disseram: “…Certamente subiremos e a possuiremos em herança; porque seguramente prevaleceremos contra ela.” (Números 13.30 ACF) “Porém, os homens que com ele subiram disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós. E infamaram a terra que tinham espiado, dizendo aos filhos de Israel: A terra, pela qual passamos a espiá-la, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura. Também vimos ali gigantes, filhos de Anaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos, e assim também éramos aos seus olhos.” (Números 13.31-33 ACF)
Este é um relatório de pessoas que perderam a chama do propósito que ardiam eu seus corações; são pessoas que deixaram-se levar mais pelo medo dos gigantes do que por aquilo que Deus prometeu. Da mesma forma acontece conosco, quando deixamos de olhar para Jesus, para as promessas, para aquilo que foi decretado ao nosso respeito, e prestamos atenção nas circunstâncias que, aparentemente, se agigantam diante de nós.
Dando continuidade ao relatório negativo, veja: “[...]e éramos aos nossos olhos como gafanhotos, e assim também éramos aos seus olhos.” (Números 13.33 ACF) A perda da visão espiritual nos faz cair na armadilha da COMPARAÇÃO, diminuindo, assim, a nossa perspectiva daquilo que Deus tem de grandioso para nós.
Talvez você possa dizer: “O que Deus tem para mim é grandioso e sinto-me pequeno demais para esta tarefa.” Mas, saiba de uma coisa: geralmente Deus escolhe os pequenos para matar gigantes, afugentar exércitos e conquistar o que parece impossível. Se Deus quisesse os grandes, não tinha levantado a Davi (1 Samuel 16.13); se Deus quisesse os grandes, não tinha levantado a Gideão (Juízes 6.14); se Deus quisesse os grandes, não tinha levantado a Jeremias (Jeremias 1.1-10). Deus levanta os pequenos para confundir os grandes. 1 Coríntios 1.27-28 diz: “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são.” (ACF)
Preste atenção: A visão te faz confiar no que Deus diz. A ansiedade e o medo faz você duvidar do que Deus diz. A visão te faz sair da adversidade e aquele que te fez mal ainda pede para você o abençoar. A ansiedade e o medo te faz murmurar, mesmo atravessando o mar a pés enxutos e sendo testemunha de tantos milagres no deserto. A visão te fortalece de tal forma que as situações adversas não lhe causam dano, pois você olha para O (Cristo) que te fez a promessa. A ansiedade e o medo te faz afundar mesmo que por um milagre por cima das águas venhas a andar.
Não deixe o medo e a ansiedade matarem sua fé, atrapalharem o desenvolvimento de sua caminhada cristã, e travar o seu propósito de vida. Lembre-se sempre disto: Deus escolheu você para uma grande obra em Seu Reino! Diga sim a esse chamado do Senhor! Ele é a tua força! (2 Timóteo 1.7)