Malaquias 4.5: "Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor". (ACF)
Podemos notar nesta profecia de Malaquias, alguns pontos de difícil interpretação e que precisam ser analisados com cuidado para que não venhamos fazer nenhum tipo de confusão. O primeiro ponto refere-se a Elias, o que pode nos causar dúvidas, fazendo-nos questionar: como Elias virá se ele fora tomado e elevado aos céus? (2 Reis 2.1-11); O segundo ponto que devemos nos atentar é: o que a Bíblia quer dizer quando fala a respeito do grande e terrível dia do Senhor?
Então vejamos: Quem foi Elias? "Elias, que significa "meu Deus é Jeová", foi um profeta nascido em Tisbe, herói inabalável da teocracia nos reinados dos reis idólatras Acabe e Acazias. Ele foi arrebatado ao céu sem morrer, por isso os judeus esperavam o seu retorno imediatamente antes da vinda do Messias, para quem prepararia as mentes dos israelitas para recebê-lo. - (Dicio. Grego Strong, g2243 App. Olive tree)
Em Mateus 11.13-14, Jesus fala a respeito de João Batista, dizendo: "Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João (Batista). E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir". (ACF)
Quanto a isto, Beacon diz: "O mesmo conteúdo dos versículos 12 e 13 é apresentado em [Lucas 16.16], mas na ordem inversa. A idéia parece ser: Todo o Antigo Testamento — todos os profetas e [até mesmo] a lei profetizaram até João (13). Ou seja, as antigas Escrituras predisseram a vinda de Cristo. Mas João teve um papel especial. Ele foi o cumprimento de [Malaquias 4.5] — o Elias do Novo Testamento, o precursor do Messias". (Comentário Bíblico Beacon - App. Bíblia Teca)
Esta palavra é confirmada também em Lucas 1.16-17 que diz: "E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus, E irá adiante dele no [espírito e virtude de Elias], para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto". (ACF)
Segundo o comentarista Beacon, diz: "João não era, na verdade, Elias, como alguns pensaram, mas se assemelhava a ele em "espírito" e em "poder". Também existem outras semelhanças notáveis entre João e a sua contrapartida do Antigo Testamento — o seu modo de vestir, os seus hábitos, o seu zelo e a sua responsabilidade particular de denunciar os pecados de um rei e de uma rainha que estavam na condição de pecadores". (Comentário Bíblico Beacon - App. Bíblia Teca)
Matthew Henry diz: "Elias foi um homem de grande austeridade e consagração, zeloso para com Deus, destemido ao reprovar o pecado, e eficiente ao reconduzir a Deus e aos seus deveres um povo apóstata; João Batista foi movido pelo mesmo espírito e poder, e pregou O arrependimento e a correção, como fizera Elias; e todos acreditavam nele como Profeta, como fizeram com Elias em sua época, e também que o seu batismo era do céu e não dos homens". (Comentário Bíblico Matthew Henry AT - Isaías a Malaquias, pág. 1251)
Em Mateus 17, vemos Jesus, que acabara de ser transfigurado no monte (17.2), e que também aparecera Moisés e Elias (17.3), na ocasião, descendo eles do monte (17.9), o mestre explica aos seus discípulos concernente a este assunto. Veja: Mateus 17.10-13 diz: "E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e [restaurará todas as coisas]; Mas digo-vos que [Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram]. Assim farão eles também padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João o Batista". (ACF)
Veja o que diz Beacon: "A presença de Elias no monte havia aguçado uma questão na mente dos discípulos (10). Os escribas, ou mestres da Lei, haviam dito que a vinda de Elias precederia a do Messias. Eles baseavam o seu raciocínio em Malaquias 4.5. Se Jesus era realmente o Messias, como Pedro havia confessado em Cesaréia de Filipe, e havia sido confirmado pela voz do Pai no monte, por que Elias ainda não havia aparecido? Como uma forma de resposta, Jesus primeiramente endossou a afirmação dos escribas. Elias iria aparecer antes do Messias e restaurar todas as coisas (11); isto é, ele anunciaria uma nova era na qual todas as coisas seriam finalmente restauradas em Cristo (Cl 1.16; Ef 1.9-11). Mas Jesus foi além e afirmou que "Elias" já tinha vindo e eles (o povo a quem João Batista fora enviado) lhe fizeram tudo o que quiseram, porque não o reconheceram (12). Então, Ele acrescentou: Assim farão eles também padecer o Filho do Homem. João Batista havia sido preso e executado, e o mesmo destino estava reservado ao Filho do Homem, o Messias". (Comentário Bíblico Beacon - App. Bíblia Teca)
Como podemos ver, com toda esta declaração das profecias a respeito de João Batista, que é a "voz do que clama no deserto" e "aquele que prepararia o caminho para o Messias" (Isaías 40.1/Malaquias 3.1), ou seja, o Elias que havia de vir, Jesus estava dizendo: Sou Eu o Cristo, o enviado de Deus a Terra, o Salvador do mundo, Aquele de quem as antigas escrituras predisseram que viria. O Senhor Jesus lhes comunicou toda a verdade, mas não quiseram dar-LHE ouvidos, pois estavam cegos. É o que diz João 1.11: "Veio para o que era seu, e os seus não o receberam". (ACF); e Mateus 13.13 diz: "porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem". (ACF)
Então, vamos continuar: Os Judeus esperavam, na verdade, o Elias, Tisbita, profeta que viveu no tempo do rei Acabe, como vimos anteriormente. Mas, temos nessa passagem de Malaquias 4.5, simultaneamente, dois eventos fantásticos, pois diz respeito tanto a João Batista, o precursor de Jesus, como faz referência ao próprio Elias, que é descrito como uma das duas testemunhas, citadas em Apocalipse 11.
Mas quando será o "dia do Senhor"? Segundo Wiersbe, diz: "Malaquias 4.5 promete que o próprio Elias virá e que essa vida estará relacionada ao "Dia do Senhor", que queimará os perversos como restolho (Malaquias 4.1). Por isso Jesus disse: "Elias virá e restaurará todas as coisas" (Mateus 17.11). Muitos estudiosos acreditam que Elias seja uma das duas testemunhas cujo ministério é descrito em Apocalipse 11.3-12 (e creem que a outra é Moisés). Vale a pena observar que tanto Moisés quanto Elias apareceram a Jesus no Monte da transfiguração (Mateus 17.3), O que explica por que os três apóstolos perguntaram sobre Elias. Tendo em vista que o "Dia do Senhor" não ocorreu no Novo Testamento, devemos crer que João Batista não era o Elias prometido, ainda que tivesse ministrado de maneira semelhante a Elias. Assim, essa profecia ainda está para se cumprir. Pode muito bem ser que Elias volte a terra como uma das duas testemunhas (Apocalipse 11.3-12), pois os sinais que esses dois homens realizarão nos lembram dos milagres de Elias. Depois do ministério das testemunhas, o senhor derramará sua ira sobre a terra (Apocalipse 11.18; 16.1ss), e o dia do Senhor irromperá no mundo com grande furor". (Comentário Bíblico Warren W. Wiersbe - Proféticos, pág. 604 e 605)
Para terminar este estudo, agora vejamos o que diz Beacon a respeito: "Quem são as duas testemunhas (3) que profetizarão por três anos e meio, vestidas de pano de saco (um sinal de penitência e lamentação)? Elas têm sido identificadas como Moisés e Elias, Elias e Eliseu ou Enoque e Elias. O motivo ao sugerir a última dupla é que eles são os únicos dois indivíduos no Antigo Testamento de quem se relata que não morreram. O raciocínio é que eles devem voltar para a terra durante a Grande Tribulação e morrer (cf. v. 7), visto que todos os homens devem morrer algum dia. Mas não há nada na passagem aqui que faça alusão a Enoque e Elias, embora Tertuliano defendesse esse ponto de vista no segundo século. Swete descarta todas as identificações pessoais. Ele escreve: "Na verdade, as testemunhas representam a Igreja em sua função de testemunha".
As duas testemunhas são descritas simbolicamente como as duas oliveiras e os dois castiçais (candelabros) que estão diante do Deus da terra (4). A linguagem é claramente derivada de Zacarias 4.2-3, em que "duas oliveiras" são mencionadas, embora haja "sete lâmpadas". Imagina-se evidentemente que as oliveiras suprirão o óleo para as lâmpadas (Zc 4.12). Assim, aqui as duas testemunhas brilham gloriosamente pelo seu Senhor. Em Zacarias 4.14 os "dois ungidos [...] estão diante do Senhor de toda a terra", como aqui.
A referência em destruir seus inimigos pelo fogo (5) parece apontar para Elias (2 Rs 1.10-12), como também a menção de poder para fechar o céu, para que não chova nos dias da sua profecia (6; cf. 1 Rs 17.1). Por outro lado, têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue e para ferir a terra com toda sorte de pragas é uma alusão ainda mais impressionante a Moisés no Egito. Foi Moisés e Elias que estiveram com Jesus no monte da Transfiguração (Mt 17.3), representando a lei e os profetas. Se essas duas testemunhas precisam ser identificadas com indivíduos, Moisés e Elias parecem ter a preferência. Phillips interpreta a última parte do versículo 5 assim: "Na verdade, se alguém tentar causar-lhes dano, essa será a forma que ele certamente morrerá".".
Espero que este estudo tenha esclarecido a você, leitor do nosso Blog, a respeito do referido tema. Que Deus te abençoe e te conceda conhecimento, paz e sabedoria!
Graça e paz!