As lágrimas da bem-aventurança
Mateus 5.4: "Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados". (ACF)
Quantos de nós, olhando para a corrupção da nossa natureza, temos chorado por nossos pecados? Quantos temos detestado e sentido repulsa de cair nos mesmos erros? Quantos olham para esta corruptibilidade em nosso ser, o que, infelizmente, herdamos do primeiro Adão, e desejam a incorruptibilidade que está preparada nos céus para para nós? (1 Coríntios 15.54)
Aos que travam enormes batalhas entre o espírito e a carne (Gálatas 5.17), ou seja, entre seguirem os princípios da palavra ou fazerem a vontade de sua própria natureza decaída e choram por causa desta descendência adâmica manchada pelo pecado (Romanos 5.19), aos tais, e só aos tais, lhes é atribuída preciosíssima bem-aventurança.
Chorar todos choram. Todos derramam lágrimas. Mas o motivo pelo qual nosso Senhor Jesus chama de bem aventurado é aquele que chora por causa de uma natureza viciada pelo pecado e sente-se atraído para fazer aquilo que não tem prazer em fazer, pois seu homem interior, agora, transformado pelo Espírito, tem prazer na lei de Deus. É aquele que se angustia frente a um erro cometido e que tal erro vai contra a lei do Espírito de vida (Romanos 8.2), sabendo que desagradou ao seu Senhor.
Ah irmãos! Não supervalorizo o pecado, pois o problema do pecado foi resolvido na cruz, quando Cristo, pelo Seu infinito poder, trouxe graça abundante a muitos. (Romanos 5.15) É por meio dEle, e somente dEle, que ganhamos a bênção de sermos Nele justificados. (Romanos 5.16) Ele nos predestinou, chamou, justificou e glorificou. (Romanos 8.30) A dívida que havia contra nós foi paga. (Colossenses 2.13-14) Aleluia!
Bom, como disse, o problema do pecado foi resolvido; e, não querendo, de forma alguma, anular o que acabei de citar sobre tantas coisas maravilhosas que Cristo fez por nós, nem tão pouco induzir o leitor a deduzir que o poder do pecado é maior que nosso redentor, o que não é verdade, é bom termos um argumento equilibrado de que ainda estamos residindo em um corpo carnal (Romanos 7.14), cuja natureza pecadora grita para consumir aquilo que a satisfaz: o pecado.
Uma prova desta realidade e luta diária que enfrentamos, está num dos textos mais conhecidas do novo testamento, falado pelo apóstolo Paulo: "Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço". (Romanos 7.15;18-19 ACF)
A luta entre o espírito e a carne é tão grande, e Paulo sentiu tão fortemente em seus membros essa guerra que, olhando para tal condição em que se encontrara, exclamou: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" (Romanos 7.24 ACF) Como disse, não supervalorizo o poder do pecado, mas existe um leão a vencermos todos os dias. Na verdade, este leão são os nossos próprios desejos e vontades que são puramente terrenos, e que vão contra tudo aquilo que é santo e eterno.
Termino este texto com uma frase do comentarista Beacon, que diz: "Quando alguém percebe que está falido de todos os bens espirituais que o tornariam aceitável a Deus, irá chorar. Este choro leva ao arrependimento e à conversão. Mas não pára aqui. Continua por toda a vida do cristão consciencioso. Os maiores santos percebem mais intensamente o quanto carecem da perfeita semelhança com Cristo, e choram acerca disso. Só o cristão néscio (ignorante) pode se sentir complacente".
Ore comigo: 'Senhor, ajuda-me a compreender que sou totalmente dependente de Ti. Sou necessitado em todos os sentidos. Agora entendo que, quando choro por causa de meus pecados, sou bem aventurado e ainda sou consolado. Obrigado por tamanha graça a mim oferecida. Obrigado, Pai. Oro no nome de Jesus. Amém!'