É véspera de Natal. O ano, 2020. O dia amanheceu nublado, e o que eu estava prestes a ver naquela manhã do dia vinte e quatro me surpreenderia. O sol se escondera, como que triste, por ver tanta desigualdade, desafeto, e ódio entre os mortais. Infelizmente, este é o nosso mundo.
Naquela manhã de quinta feira, uma cena chamava, no mínimo, a atenção de quem passava. Parecia a luta do século: um gato e um rato, à margem de suas sociedades, entre mordidas e arranhões, unhadas e ponta-pés, disputavam, não uma medalha ou pódio, mas, um pedaço de pão. Eles lutavam pela sobrevivência de suas esquecidas e indiferentes vidas. A final, quem mais se importaria com esses dois?
Quanta ironia: um briga por sua, talvez, última refeição; o outro, pra não virar refeição de alguém maior, apenas persevera para se manter vivo. E o mundo transcorre normalmente o seu dia enquanto há outros fulanos que estão em suas casas, e ratos em seus ninhos; estes, saindo diariamente à caça de suas refeições; aqueles, porém, tomando leite quente e comendo um punhado de ração da mão de seus donos.
No mundo dos bichos, quem tem casa é rei. Mas, mesmo este nobre bichano, virou pobre, pois perdera o seu reconfortante e seguro teto. Até o mais nobre dos bichanos está fadado a ser engolido pelo sistema. É a lei do mais forte. O sistema é forte. Não se pode vencer.
O rato? Bom, o rato é das ruas. É um sobrevivente. Está acostumado com os olhares desconfiados e o distanciamento animal. De vez em quando surge alguém querendo envenelá-lo, e até pedradas surgem no caminho. A final, como poderia ele, de espécie diferente, e que tem como cotidiano frequentar os lugares adequados à plebe, querer disputar um lugar ao sol?
A vida não é nada fácil. Seja gato ou seja rato, ambos estão fadados a viverem suas vidas a lutarem pelo pão cotidiano e... por uma vida digna... por um natal digno.
Moral da história: O gato e o rato são como duas classes sociais que vivem em conflito. O gato representa a elite, que tem privilégios e conforto, mas que pode perder tudo em um momento de crise. O rato representa o povo, que luta pela sobrevivência e enfrenta a discriminação e a violência. Ambos são vítimas de um sistema injusto e desigual, que favorece os mais fortes e oprime os mais fracos.
Mas o gato e o rato também podem ser aliados, se reconhecerem que têm interesses comuns e que podem se beneficiar da cooperação. O gato pode aprender com o rato a ser mais adaptável e resiliente, e o rato pode aprender com o gato a ter mais confiança e dignidade. Juntos, eles podem resistir ao sistema e buscar uma sociedade mais justa e solidária, onde todos tenham direito a uma vida digna.